E A FAMILIA
, O QUÊ DIZ?
Qual
o seu nome, idade e profissao, cidade e pais?
Ivaldo
Martins Boggione, 32, Engenheiro Agrônomo, Belo Horizonte-Brasil (Irmao caçula da dona do Blog!)
Eu
tinha apenas 19 anos quando ela iniciou o namoro com um turco, as
informações não eram muitas sobre o país e seus habitantes,
apenas um estereótipo de um país muçulmano. O namoro durou um
pouco mais de um ano e ele visitou o Brasil neste período se
comportando, pelo menos naquele momento, de forma cosmopolita e
polida o que tranqüilizou tanto a mim quanto aos nossos pais. As
diferenças inerentes a quaisquer pessoas nascidas em locais diversos
eram minimizadas no seu comportamento de tolerância perante nossa
cultura, incluindo religião, música, comidas e próprio jeito de
viver, reforço que isto tudo ocorreu antes deles tomarem a decisão
de casar e morarem juntos na Turquia.
Sim.
Minha irmã sempre nos escrevia e mails e a internet era um meio
prático em tempo real de saber tudo que ocorria. Ela nunca escondeu
as alegrias e tristezas que viveu e vive na Turquia. Não houve
censura por parte do marido. Não sei se foi pela sua personalidade
forte ou se realmente há esta liberdade.
Minha
irmã sempre foi uma pessoa independente e muito inteligente,
ingredientes não muito apreciados por muitos homens na Turquia. Sua
mudança de país não conseguiu destruir totalmente este espírito,
tanto que sempre trabalhou desde sua chegada no país. As mudanças
que percebi nestes 13 anos principalmente quando ela volta ao Brasil,
quanto ao jeito de vestir, com roupas mais largas e o receio de
reclamar com algum estranho algo de errado ou que incomoda. Ela fica
tensa em certos locais, mas aí eu lembro que ela está no Brasil e
tudo se resolve.
Ele
é um homem culto, polido e extremamente político. Na ocasião do
namoro permaneceu por mais de um mês no Brasil no período de festas
de fim de ano, logo foi possível ele perceber como era a dinâmica
de uma sociedade ocidental e cristã/católica. Ele se comportou de
forma educada durante todo o tempo se interessando por tudo, até
porque era novidade, tudo muito exótico aos seus olhos. Obviamente
nossa relação era a melhor possível, pois havia respeito entre as
diferenças. Após o casamento e principalmente após o nascimento do
filho houve uma mudança nítida. O Brasil já não era um país
descente para criar uma criança, pois não tínhamos valores que os
turcos têm. As visitas se tornaram um martírio para todos, pois em
menos de uma semana de suas estadias no país seu humor já era
insuportável e muitos conflitos aconteciam. Os períodos se tornaram
cada vez mais curtos, até que sua última vinda ao país não durou
mais de 5 dias.
Após
o nascimento do filho toda a família turca, principalmente e os
sogros da minha irmã se mostraram rudes. Nas visitas que fazíamos
era percebida a forma como nos tratavam quando estávamos próximo a
criança. Ficamos com receio de que pudessem por algum motivo que
seja, retirar este menino da minha irmã. Frases ditas por meu
sobrinho ensinadas por eles para que fosse dito a nós até hoje nos
assustam. Por exemplo: “Eu sou turco e não vou morar no Brasil!”
“Eu amo a Turquia e vou morrer na Turquia”. Isto é dito
aleatoriamente por ele depois que vem do convívio com eles. Usam uma
criança para realizar os seus anseios, não dando a liberdade de
escolha e livre arbítrio para que, quando adulto, ele decida o que
seja melhor para ele, quase uma lavagem cerebral.
Você
ja esteve na Turquia? Conte um pouco dos aspectos positivos e
negativos.
Sim,
por cinco vezes em temporadas longas.
Positivos:
Violência
urbana: Praticamente inexistente. Eu me senti muito seguro pelas ruas
das cidades em qualquer horário, mas sou homem, não sei se mulheres
se sentiram desta forma.
Alimentação:
Comida saudável, muitos vegetais.
Custo
de Vida: Muito mais baixo que o Brasil em serviços equivalentes.
Negativos:
Violência
contra a mulher: Presenciei por duas vezes, uma vez em Ankara um
homem batendo em uma mulher num parque e na minha última ida em 2011
no Parque Gülhane em Istanbul uma mulher ajoelhada sendo espancada
pelo companheiro, policiais não fizeram exatamente NADA. Alguns
outros turistas pediram ajuda e eles fingiram que não entenderam.
Terrorismo:
É muito incômodo os procedimentos de entrada em shoppings e
supermercados, detector de metais, espelho embaixo do carro, raio x.
Aglomerações em regiões centrais acontecem eventualmente explosões
de bombas, é um pouco assustador. Até em Taksim houve explosão de
bomba em 2010.
Alimentação:
Carne tem um gosto inexplicavelmente horrível.
Tenho
a oportunidade de conviver com meu sobrinho tanto aqui quanto na
Turquia e percebo que não há mudança nítida da forma como se
comporta em ambas as culturas. Ele é um garoto muito doce e sabe se
comportar para com cada família. Apesar da lavagem cerebral, ele
ainda não despreza a sua outra metade. Ele mora na Turquia, logo ele
é turco com uma mãe brasileira seu contato com nossa cultura é
mais restrito, porém muito natural e não percebo qualquer alteração
de humor ou desconforto por ele quando passa férias aqui. Ele tem
apenas sete anos, só os próximos ano dirão como ele se comportará.
As
famílias devem sim intervir antes da mudança, pesquisar a fundo
qual a nova família como a cidade de origem e formação, a
sociedade é heterogênea apesar de não haver miscigenação como
nós. Pode haver famílias mais tolerantes quanto menos e descobrir
isto na Turquia pode ser tarde demais. Lembrem que as suas filhas
mudarão para o outro lado do mundo e para uma cultura nada
semelhante a nossa. Infelizmente isto não é suficiente para
esclarecer, então entrem em contato com quem já mora e está casada
no país. Não deixem que o romantismo de um “príncipe” turco se
transforme num pesadelo futuro. Morar na Turquia não é conto de
fadas.
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